Risco País faz diferença

O risco que o Brasil impõe a seus credores vem caindo ao desde 2018, e tende a influenciar positivamente a economia.

O prêmio de risco do Brasil, medido pelo Credit Default Swap (CDS), tem oscilado em torno de mínimas em cinco anos. Mas o que é um CDS e qual as implicações de sua evolução para o cotidiano dos brasileiros? O Credit Default Swap (também conhecido como CDS) é um contrato que pode ter diferentes utilidades, servindo até mesmo como forma de medir a segurança para quem investe em um país. Na verdade, esse derivativo funciona como um seguro contra inadimplência de uma operação de crédito, oferecendo proteção de uma carteira de crédito. O instrumento, por ser amplamente usado em instrumentos de dívidas soberanas, fornece ainda uma estimativa do risco de uma nação. Avaliando os juros incidentes nesse instrumento para o caso do Brasil, observa-se, após o pico de 307 pontos base alcançado em setembro de 2018, uma redução para 96 pontos base. Logo, 0,96% é percentual que um credor do Brasil pagará anualmente, por cinco anos, se quiser garantir com outra contraparte o recebimento dos recursos para o caso de o Brasil não pagar.

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Se as perspectivas brasileiras são positivas, o mesmo não pode ser dito em relação a outros países. Considere, por exemplo, o caso da Argentina para o mesmo período analisado. A percepção dos mercados em relação aos cenários políticos mostra um profundo ceticismo com o atual governo. É verdade que, sob o governo anterior, os CDS argentinos situavam-se em patamar próximo a 900 pontos base, três vezes mais que o observado pelo Brasil em seu pior momento; porém, com a divulgação dos resultados primárias das eleições presidenciais, esse indicador ultrapassou 7.000 pontos base (ainda distante dos mais de 19.000 pontos bases alcançados em junho de 2016), para voltar ao patamar de 4.700 em dezembro de 2019.

Quais as razões para tamanha discrepância? A Argentina possui um total de reservas internacionais de US$ 44 bilhões (novembro/2019) e um cronograma de vencimentos de dívidas que totalizará US$ 64 bilhões em 2020. 

O Brasil, por sua vez, dispõe de reservas de US$ 386 bilhões para fazer frente a uma dívida externa bruta de US$ 319 bilhões. Em 2020, são esperadas amortizações brutas de US$ 40 bilhões, ou seja, um valor que pode ser plenamente quitado apenas parte das reservas. 

Para além das razões vinculadas ao setor externo, o indicador também é influenciado pela capacidade do governo honrar seus compromissos. Nesse sentido, a reforma da Previdência e a expectativa de outras reformas estruturantes (tributária e federativa, principalmente) contribuem para manter em níveis reduzidos a percepção de risco sobre o Brasil. Entendidas as razões pelas quais os indicadores de risco são baixos, resta entender suas consequências para o cotidiano. 

Diante de um menor risco, investidores (internos e externos) animam-se a realizar novos projetos. As projeções realizadas por analistas indicam um crescimento do investimento em torno de 6%, o triplo do esperado para o ano corrente. Mais investimentos se traduzem em novos empregos e, consequentemente, em uma redução da taxa de desemprego, hoje em estratosféricos 11,9 %, e em melhoria da massa salarial. Em outros termos, a população como um todo deve se beneficiar das melhorias provocadas por uma gestão macroeconômica prudente. Infelizmente, o resultado não é imediato. Por vezes, passam meses até que processos virtuosos produzam os efeitos desejados, mas esses estão a caminho.  

Vamos acompanhar o valor do CDS do Brasil e eventuais evoluções na classificação de risco das agências. Mais do que indicadores opacos, são sinais que influenciam decisões de investimento, emprego e renda; afetando a todos os brasileiros.

COLABOROU: MARCELO ARAÚJO COSTA
Fontes: Banco Central do Brasil;
World Government Bonds

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