O futuro da mobilidade urbana está na integração
Índice desenvolvido pela Deloitte aponta que o transporte integrado é chave para cidades prósperas, inteligentes e resilientes, e as novas tecnologias contribuem com a construção de soluções
A mobilidade desempenha um grande papel na prosperidade econômica de uma cidade e é peça fundamental para um ecossistema urbano inteligente, resiliente e dinâmico. As iniciativas mais bem sucedidas nessa temática são aquelas que priorizam a integração entre os diferentes modos de transporte, segundo o estudo City Mobility Index 2019, ou Índice de Mobilidade Urbana, elaborado pela Deloitte.
Nessa pesquisa, 55 cidades foram avaliadas de acordo com 60 indicadores, que mostram, de forma objetiva, o estágio atual em que a cidade se encontra em termos de mobilidade e em que direção ela está indo. “A consolidação dos dados permite entender como uma cidade está lidando com os desafios da mobilidade, qual a sua visão para o futuro e quais caminhos ela está buscando para alcançá-la”, afirma Elias de Souza, líder de Government & Public Services da Deloitte.
Explore o mapa completo do “Índice de Mobilidade Urbana 2019”, onde é possível ver a performance de cidades como São Paulo, Mumbai, Tóquio, Chicago, Cidade do Cabo e Tel Aviv. O intuito do levantamento não é fazer comparação entre as cidades, uma vez que elas estão inseridas em contextos distintos de população, geografia, história e infraestrutura, e sim auxiliar líderes municipais e cidadãos a melhor compreender as condições das áreas em que vivem e se deslocam.
Os indicadores permitiram avaliar a mobilidade nas cidades em torno de três temas principais: performance e resiliência (relacionadas à integração entre os modos de transporte e sua manutenção e segurança); visão e liderança (o olhar e o planejamento para o futuro); e serviço e inclusão (acessibilidade para portadores de deficiências, crianças, idosos, entre outros, e também em termos de preços).
Uma das principais conclusões do estudo é que as iniciativas mais bem-sucedidas são aquelas que priorizam a integração eficiente entre os diferentes meios de locomoção, com ênfase no transporte ativo (uso de ciclofaixas, patinetes, calçadas) e no transporte público.
“Integração é a chave. Cidades que se posicionaram melhor no índice com relação a planejamento para o futuro baseiam-se em uma mobilidade urbana integrada”, afirma Souza.
Integração com tecnologia
Novas tecnologias, como Internet das Coisas (IoT) e inteligência artificial, destacam-se como ferramentas para coletar uma vasta gama de informações sobre a jornada diária dos usuários dos transportes urbanos, entender a dinâmica dos e entre os diferentes serviços e formular um planejamento para uma melhor mobilidade nas cidades.
“O principal papel dessas tecnologias é apontar qual a melhor alternativa que você tem para resolver questões diversas, como redução de tempo e de custo dos trajetos realizados”, afirma Souza. A tecnologia permite, por exemplo, entender o que o usuário utiliza de serviços de transporte, se faz muito uso de estacionamento, se ele se locomove de bicicleta ou se percorre distâncias curtas ou longas com aplicativos de compartilhamento de carros. Também é possível medir a variação da velocidade dos ônibus em diferentes horários. Essas informações vão formando um big data relevante.
É preciso, no entanto, que se tenha uma visão humana, por exemplo dos gestores municipais, para saber o que fazer com essas informações. “O grande desafio que permanece é como usar esses dados de forma integrada”, explica Souza.
Reunir dados e fazer as perguntas corretas para melhorar o ir e vir de pessoas, bens e serviços e incluir essa temática no planejamento para o futuro é importante para que as cidades sigam na direção de um ecossistema urbano dinâmico e próspero.
Veículos autônomos atraem atenção e cautela dos brasileiros
Um modo de transporte ainda importante em muitas cidades é sem dúvida o veículo privado, e o setor automotivo tem passado por transformações significativas, com novas tecnologias focando em questões como conectividade e autonomia. O estudo Global automotive consumer study 2019, da Deloitte, foca na percepção do consumidor sobre essas tendências.
“O estudo é importante para entender como as tendências são discutidas no mundo inteiro em um setor muito relevante, que tem se adaptado às mudanças de comportamento do consumidor”, afirma Reynaldo Saad, líder da indústria de Consumer na Deloitte.
Realizada no segundo semestre de 2018, a pesquisa foi feita com mais de 25 mil consumidores de 20 países e revela que a percepção em relação aos veículos autônomos avança muito lentamente, por questões principalmente de preocupação com a segurança, enquanto os veículos elétricos e outras soluções de mobilidade multimodal ganham destaque.
No Brasil, foram ouvidas mais de 1.200 pessoas. Sete em cada 10 respondentes acham que o carro autônomo pode ser uma experiência positiva, porque permitiria se dedicarem a outras atividades durante o trajeto, como usar o telefone ou o e-mail, ler, assistir a filmes, trabalhar ou dormir. No entanto, há uma preocupação com a segurança, e 44% acreditam que esse tipo de veículo deveria circular em horários e áreas geográficas determinados previamente.
Quanto à conectividade, 72% dos respondentes brasileiros afirmam que mais conectividade significa mais benefícios, e esperam que ela auxilie com informações sobre trânsito, rotas e a própria manutenção do veículo, embora mais da metade mostre-se preocupado com o compartilhamento de informações coletadas pelos veículos conectados, como localização e dados biométricos.
A pesquisa também apontou que, entre o público mais jovem, há um interesse maior por serviços de compartilhamento de viagens, sendo que 56% se declararam prontos para deixar de ter um carro.
A transformação pela qual o consumidor anseia, mostra o estudo, está nos benefícios, para além da simples locomoção, que os veículos poderão vir, cada vez mais, a oferecer.
Fonte: Valor Economico