Novo conceito de transporte público no pós-pandemia

O transporte público urbano terá que se reinventar no pós-pandemia. E essa reinvenção passa pela disruptura de conceitos e limites, sustentada e estimulada por mudanças operacionais e jurídicas

ARTES JC
O transporte público urbano no Brasil está com os dias contados quando a pandemia do coronavírus passar? Voltará a uma operação ainda pior do que já tinha em muitas cidades? Série de reportagens O futuro do transporte no pós-pandemia vai tentar responder a essas questões – FOTO: ARTES JC

Não restam mais dúvidas de que, assim como diversas atividades, o transporte público urbano terá que se reinventar no pós-pandemia. Será premissa para tentar sobreviver. É algo urgente, imediato. E essa reinvenção passa pela disruptura de conceitos e limites, sustentada e estimulada por mudanças operacionais e jurídicas que já estão sendo discutidas e planejadas por gestores públicos e operadores. Tanto valem para o transporte por ônibus – operado em sua totalidade pelo setor privado – quanto para os sistemas sobre trilhos concedidos, realidade de São Paulo e do Rio de Janeiro, por exemplo.

Essa é a discussão abordada no segundo dia da série de reportagens O Futuro do Transporte Público no Pós-pandemia, apresentada pela Coluna Mobilidade, e que faz um diagnóstico dos desafios a serem enfrentados pelo setor no próximo “novo normal”. Uma discussão necessária diante do risco de o transporte público – tanto ônibus como metrô – sofrerem ainda mais degradação e até redução de operação, deixando a população sem opção de deslocamento e as cidades engolidas pelo automóvel.

FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
O setor terá que se reinventar no pós-pandemia. Será premissa para tentar sobreviver. É algo urgente, imediato – FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

REGRAS SANITÁRIAS SÃO NECESSÁRIAS, MAS VÃO IMPACTAR NO CUSTO DOS SISTEMAS DE TRANSPORTE
O setor de transporte público já se prepara para esquecer boa parte do que se pregava no pré-pandemia. Depois do coronavírus e sofrendo por ser ambientes com um dos maiores riscos de contágio, ônibus e metrôs terão que rever parâmetros, limites e conceitos por duas razões conectadas entre si. A primeira delas é a necessidade de se adequar às normas sanitárias exigidas mundialmente para tentar frear a propagação do novo vírus, o que significa rever conceitos como limite máximo de passageiros transportados por metro quadrado, por exemplo. E a segunda – que é consequência da primeira e representa o calcanhar de Aquiles do setor – é conseguir segurar, ao menos, o antigo cliente do serviço. Já que, pelo que se vê em países da Europa e Ásia, onde a pandemia está passando e a vida começando a voltar ao normal, há uma fuga do passageiro do transporte público por uma principal razão: medo do contágio. Para piorar, a expectativa é de perda de demanda permanente no pós-pandemia próxima a 30%, uma redução que poderá ser fatal para muitas empresas de ônibus e sistemas de metrô – geridos pelo poder público ou não.

O novo normal vai precisar que alguém pague a conta. É preciso entender que o setor é feito para aglomerar. A equação receita e custo já não fechava e com as novas regras de distanciamento isso tudo vai piorar, sem dúvida

Marcelo Bruto, secretário de Desenvolvimento de PE
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Marcelo Bruto, secretário de Desenvolvimento Urbano de PE – FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Por isso, a discussão sobre novas regras de remuneração do setor, parâmetros de operação, ampliação de possibilidades, busca de novas fontes de receitas extra-tarifárias e modelos de negócios têm ganhado forma entre planejadores, gestores e operadores do serviço de transporte. No caso do Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP), as mudanças estão sendo formatadas pela gerência de planejamento do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM). Entre elas, a revisão do conceito de remuneração por passageiro transportado e do padrão de seis passageiros por metros quadrado, algo padronizado no sistema no pré-pandemia, mas que no “novo normal” será moralmente inadmissível.

Fonte: JC NE10

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *